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LUZES DA RIBALTA
(Charles Chaplin/Antonio Almeida/Braguinha)
Vidas que se acabam a sorrir
Luzes que se apagam, nada mais
É sonhar em vão, tentar aos outros iludir
Se o que se foi pra nós
Não voltará jamais
Para que chorar o que passou
Lamentar perdidas ilusões
Se o ideal que sempre nos acalentou
Renascerá em outros corações
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O compositor Antonio Almeida1, autor de músicas imortais como A Mulata é a Tal, A Saudade Mata a Gente, O Que é Que eu Dou? e Doralice, compôs com gente famosa: Dorival Caymmi, Braguinha e Wilson Batista e também teve uma parceria de nível internacional. Antonio Almeida, juntamente com João de Barro, o Braguinha2 foram os privilegiados brasileiros que se tornaram parceiros do genial Charles Chaplin3.
É que Almeida era sócio de uma editora no Rio de Janeiro que representava o cinema estadunidense. Por essa razão, as companhias cinematográficas mandavam convites para as premières de todos os filmes produzidos naquele país. Eram tantos os convites que se ele fosse a todas as sessões, não teria tempo pra fazer outra coisa na vida. Mas, sem dúvida, teria uma vida bem divertida.
Um belo dia, lá pelos idos de 1953, Antonio Almeida foi assistir ao clássico Limelight (1952), que recebeu no Brasil o nome de Luzes da Ribalta. A película, que tem roteiro, direção, produção, edição, música e ainda é protagonizada pelo multimídia Charles Chaplin, o deixou tão encantado, tão emocionado, que ele saiu do cinema assoviando a música tema. A melodia não lhe saía da cabeça. Voltou para o escritório e a música continuava renitente. Logo sacou que ela iria fazer um sucesso danado no Brasil. Então teve a idéia de procurar Braguinha – àquela altura parceiro em cerca de 40 composições – para criarem uma letra. Antes disso, deu uma “alisada” na música. Para Almeida, ela era um bailado, não um cantabile. Depois que a
letra ficou pronta, encaminharam-na ao editor com a solicitação para gravá-la. O editor repassou o pedido ao Carlitos que fez questão de analisá-la pessoalmente para em seguida aprová-la.
Luzes da Ribalta foi gravada no Brasil por Jorge Goulart, na Continental e vendeu – segundo Antonio Almeida – mais de um milhão de discos. Um sucesso absoluto.
Importante salientar que a bela letra de Luzes da Ribalta não é uma versão. A música originalmente não tinha letra. Portanto, Antonio Almeida e Braguinha são realmente parceiros de Charles Chaplin.
Versão foi a que o mesmo Antonio Almeida fez para É Tão Sublime o Amor, do filme Love is a Many Splendored Thing, vertendo do inglês para o português e que foi gravada por Cauby Peixoto. Mas isso já é assunto para uma outra página.
1 26/8/1911 Rio de Janeiro-RJ 09/12/1985 Rio de Janeiro-RJ.
2 Carlos Alberto Ferreira Braga 29/3/1907 Rio de Janeiro-RJ 24/12/2006 Rio de Janeiro-RJ.
3 Charles Spencer Chaplin 16/4/1889 Londres-Inglaterra 25/12/1977 Vevey-Suíça.
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