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Nazaré Pereira me conta sobre Luiz Gonzaga
Partindo do meu primeiro encontro no Rio deJaneiro em um show que ele estava fazendo com Gonzaguinha no Teatro do HotelRio. Quando fui apresentada a ele fiquei muito impressionada, as pernas tremiame o coração fazia "bum, bum, bum...". Ele me olhou e falou, comaquela voz que lhe era peculiar, "Eu já te conheço a muito tempo menina, tujá faz parte da minha familha, amanha tu vem almoçar comigo, na minha casa naIlha do Governador". Não preciso dizer que passei a noite sem dormir, esperandoa hora de chegar na casa dele. Quando cheguei, foi uma festa, eu me sentiverdadeiramente fazendo parte da familha, Papo vai, papo vem... Ele me disse,"como tu sabe fazer letra de música, tenho uma que fiz pensando emtu" Pegou a sanfona e começou a tocar dizendo: "vai escrevendo ummorto e depois tu bota a letra de verdade. Depois do almoço vou tirar umasoneca e quando acordar quero a letra pronta. "Ele era assim, a voz forte jáera uma ordem. Escrevi a letra e quando ele ouviu falou: "Gostei, como tunasceste no Acre e acre é amargo e você gosta do teu Estado, chame "ACREDOCE" e foi assim que virei parceira do Luiz Gonzaga. Nesse mesmo dia euperguntei se ele gostaria de fazer um show em Paris e ele falou "me leve queeu vou”. "Depois de grandes transações, ficou combinado que ele viria comD.Helena e seria acompanhado pelos músicos que tocavam comigo na época. Ogrande SHOW foi realizado no dia 22 de maio de 1982 no TeatreBOBINO em Paris, ano em que ele completaria 70 anos (depois falo dafesta no 12 de dezembro). Em Paris ele ficou hospedado em meu apto e ai euo conheci de verdade. Acordava cedo e queria conhecer tudo. Ensaio, nemfalar, acostumado que era a tocar e os músicos irem atrás. Eu coçava a cabeça semsaber como fazer, pois os músicos estavam impressionados e queriam ensaiar paraestarem seguros. Ele ria.... Nas entrevistas, ele era de um grandeprofissionalismo, mas o problema era que ele impressionava todo mundo. Fomosfazer o grande Jornal da TV e ele ia cantar 'O Boiadeiro" e quando elecomeçou, os técnicos ficaram doidos com a altura da sua voz, no Teatro foi amesma coisa: Pânico na mesa de som. O show foi lindíssimo e os francesesdescobriam a verdadeira musica do nordeste do Brasil. Uma jornalista daqui,chamada Dominique Drefus foi passar um mês no Exu para escrever um livro sobrea vida dele, você deve achar o livro por ai. Em dezembro do mesmo ano, eu fuipassar seu aniversário em Exu e foi um período muito importante para mim, poispassei 5 dias com ele e D.Helena em Recife e Exu e conheci o "MundoGonzaga". Procissão dos vaqueiros, etc... É muito difícil descrever osmomentos que passei com o Mestre mas uma historia interessante: Uma vez fomos aum restaurante chic em Paris, com 5 jornalistas: Seu Luiz queria comergalinha assada com arroz e quanto mais eu explicava que ali não servia arroz,mais ele queria. Fui na cozinha e prometi 3 discos para o chef, contei que eleera a maior vedete da música brasileira e que não seria diplomático nãofazer suas vontades. Ele assou a galinha e fez o arroz. Foi um corre-corre, masuma hora depois, seu Luiz, feliz da vida,estava comendo sua penosa com arroz efarofa, pois pedi ao meu secretário para ir até minha casa buscar farinha.A parti daí eu só andava com farinha e arroz na bolsa para evitar problemas. Assimera seu Luiz, exigente e maravilhoso.
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